RECINTOS DO BLOG

terça-feira, 25 de maio de 2010

O PÃO, SIMPLESMENTE, O PÃO. (Gênesis 3.19)



“Se você quer pão amanhã, trabalhe hoje”
Rev. Mauro Sergio Aiello

Quando eu era adolescente costumava visitar meu tio Alfredo Domingues, um português de Trás Os Montes que gostava de fazer suculentas sopas. Nos assentávamos em torno de sua mesa, lá no bairro de Vila Industrial e ouvíamos longas histórias sobre ele e sua infância, acompanhados de um prato de sopa bem quente. Havia algo que todos nós gostávamos de fazer nessa hora; molhar o pão na sopa e comê-lo. Por isso, sempre, invariavelmente nessa hora, o pão fazia parte da refeição com história.

Sobre pão eu me recordo, ainda, de um curioso e bem humorado episódio ocorrido comigo em Julho de 1999 na cidade de Recife. Estávamos lá para participar da Reunião Extraordinária do Supremo Concílio da IPB. Chegamos no sábado e, como estava previsto no pacote da empresa de turismo, que cuidou de nossa viagem e estadia fomos conhecer Olinda. Andando pelas ruas daquela linda localidade, encontrei no chão uma fruta bonita. Segurando-a nas mãos, perguntei ao cicerone o que era aquilo. Ele me informou que se tratava da Fruta Pão, muito consumida na dieta dos nordestinos. Cozida, com uma fina camada de manteiga é uma delícia, o que comprovei no desjejum do dia seguinte. Fiquei com a tal da Fruta Pão em minhas mãos e continuamos nossa jornada. De repente estávamos debaixo de uma enorme árvore e o cicerone virou-se para mim e disse:

- Essa é a árvore da Fruta Pão.

Foi então que alguém do grupo nos disse, rindo pra valer.

– E o nome dessa árvore é Padaria.

O pão faz parte da dieta alimentar de quase todos os povos. Nós italianos não dispensamos de forma nenhuma o pão. Pão com queijo e vinho, é refeição básica na dieta alimentar do europeu. Vamos encontrar o pão em quase todas as mesas e culturas. A Bíblia se refere de uma forma notável ao pão. A palavra pão aparece na Bíblia aproximadamente 341 vezes. Destacamos nessa questão que, na cultura judaica havia o Pão da Proposição, que quer dizer: “pão da presença”. Tratava-se de uma massa sem fermento colocada sobre a mesa de acácia (Êxodo 25.23-30), coberta de ouro puro. A Mesa da Proposição era colocada diante de Deus no santuário do Tabernáculo, juntamente com o Candelabro de Ouro e o Altar do Incenso. No sábado, doze pães, que, possivelmente, representavam as doze tribos de Israel, eram colocados sobre a mesa em dois grupos de seis. O Pão da Proposição era o símbolo da rica abundância da graça de Deus e sua providência no sustento da nação durante a jornada do Egito à Terra Prometida.

Não é maravilhoso saber que Jesus nasceu na cidade de Belém? Sim, Belém! Belém quer dizer A Casa do Pão, pois o nome dessa cidade da Judéia é a junção de dois termos hebraicos, a saber: Bete (Casa) e Lehem (Pão). Jesus nasceu na Casa do Pão e ele mesmo disse de si:

“Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo.” (João 6:31-33)

Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.” (João 6:41)

Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:50-51)

Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente.” (João 6:58)

Na Oração do Pai Nosso, Jesus instrui que, nessa relação Tu-Nós, devemos ser humildes para reconhecer que o Pão que temos sobre a mesa, é fruto da providência e graça de Deus. Jesus disse que deveríamos nos lembrar de pedir o pão de cada dia. Com isso estamos reconhecendo que é Ele quem supre nossas mesas, quem abastece nossos celeiros, que é Senhor do campo onde nasce o trigo, do tempo que faz a chuva cair e o sol brilhar, que dá força para o trabalho e que transforma suor em pão. É extraordinário notar aquilo que disse o salmista ao declarar: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Salmo 37.25).

Recordo-me, agora, a experiência ocorrida em um dos orfanatos do Pastor George Miller. Conta-se que certo dia as crianças estavam todas sentadas à mesa, prontas para o café da manhã. Entretanto, não havia nem leite e nem pão. O silencio foi interrompido pela oração de súplica pedindo que o Deus misericordioso os socorresse. Após um breve momento a campainha tocou e ao abrirem a porta encontraram um homem que disse: - Sou entregador de leite e pão de uma padaria. Estava a caminho de um cliente e o carro quebrou. Resolvi então doá-los a este orfanato para que os mesmos não estraguem.

Pode ser que sua mesa não seja a mesa daquela mansão, cujo desjejum é riquíssimo, mas é o pão suficiente e necessário para matar sua fome, alimentá-lo e fortalecê-lo para mais uma jornada de trabalho. Assim, pedimos o pão e nunca devemos nos esquecer de agradecer, reconhecendo que o mesmo vem do Pai. Nada mais alimenta, nada mais fortalece, do que o Pão, Simplesmente o Pão, que Deus nos dá.